25 janeiro 2007

Os Barradas descendentes de CAMOES

Joaquim Manuel Godinho Braga Barradas de Carvalho,
historiador, nasceu , no seio de uma família aristocrática, no dia 13 de Junho de 1920 em Arroios, no Alentejo. Era o filho mais velho de Manuel Teles Barradas de Carvalho e de Lubélia Godinho Braga Barradas de Carvalho, família tradicional alentejana, descendente do Conde das Galvêas e de Camões.
Formou-se em História e Filosofia em 1946 pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, já revelando a vocação para o campo no qual desenvolveria seus trabalhos: a História das Ideias e, mais precisamente, a História das Mentalidades. O seu primeiro trabalho foi uma dissertação sobre "Ideias Políticas e Sociais de Alexandre Herculano (1949)".
Joaquim Manuel Godinho Braga Barradas de Carvalho sempre foi um militante do Partido Comunista português, porém, extremamente aberto a outras frentes de pensamento progressista. No começo dos anos 60, envolveu-se num ataque ao quartel de Beja, o que o obrigou a deixar definitivamente sua pátria.
Prossegue os estudos e pesquisas em Paris, onde se doutorou em Estudos Ibéricos pela Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade de Paris, Sorbonne, em 1961, com a tese: Esmeraldo de Situ Orbis, de Duarte Pacheco Pereira. Nesse período, convive intensamente com o principal grupo de historiadores europeus.
Barradas foi discípulo de Braudel (e de Febvre, fundador da História das Mentalidades na França) e soube combinar o que de melhor havia naquela escola de pensamento com o que de melhor se fazia em termos de pensamento marxista.
É na condição de exilado, com passaporte francês e membro da Escola de Altos Estudos, que a Universidade de São Paulo o recebe em 1964. Tornou-se um verdadeiro paulistano. Pensava mesmo que se um dia se articulasse um Bloco Luso-afro-brasileiro, a capital deveria ser São Paulo.
Barradas de Carvalho retornou a Paris em 1970, onde recebeu a mention très honorable e les félicitations du jury com sua tese de Estado (a mais importante da carreira universitária): A la recherche de la spécificité de la Renaissance portugaise - L'Esmeraldo de Situ Orbis, de Duarte Pacheco Pereira, et la literature portugaise de voyage à l'époque des grandes découvertes. Contribution à l'étude des origines de la pensée moderne.
Voltou ao Brasil nos anos 70 onde organizou um Congresso Luso-afro-brasileiro.
Regressou a Portugal em definitivo, depois da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Abordou assuntos tão importantes como: "literatura de viagens"; "Renascimento em Portugal"; a introdução da numeração de posição em Portugal; "Portugal e as origens do pensamento moderno" ou o conceito de "experiência". Em "Literatura de Viagens", deixou claro que 1498 teria sido a data mais provável da chegada dos portugueses ao Brasil.
Faleceu em Lisboa a 18 de Junho de 1980, aos 60 anos, como professor extraordinário, não tendo chegado ao posto mais alto da carreira universitária. Deixou a ideia de uma utópica comunidade luso-afro-brasileira.